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terça-feira, 9 de julho de 2013

La noche


La noche
El dormir es como un puente
que va del hoy al mañana.
Por debajo, como un sueño,
pasa el agua, pasa el alma.

Juan Ramón Jiménez

sábado, 21 de maio de 2011

Outono


...e vem o outono.

Com o outono fogem, módulos,os pássaros
chega a penumbra, o sonho.
Nas folhas outonais há todo um arco-íris
merencório,
opalescente.
Um arco-íris de crepúsculos
sussurantes, madrugadas rarefeitas,
um arco-íris de saudade.

Cai a primeira folha,
- primeira gota d'água
transbordando cachoeiras
de folhas multicores
no leito das estradas.

Caminho
de árvores, que dizem o primeiro
adeus
as verdes folhas ainda banhadas pelo sol
do passado estio.

Cai a folha
transformada em dançarina
pela orquestração do vento.

E rodopiam as bailarinas
no cromatismo da música outonal.

Nair Baptista Schoueri
In A Pedra e o Ser

Do blog da amiga Dione Eller

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ADORNO DESTAS CASAS


Do estremo brilho destas janelas,
das pedras solenes pétreas pontes,
adorno das casas das querelas,
álgidas manhãs das toscas fontes.

Do toque longínquo dobre da tarde,
ganido do cão da brenha da relva,
clamor do silêncio da sobretarde,
dos canteiros, verves alegres selva.

Cântico exausto da pradaria,
lascivos destes uivos às pias almas,
rezando sozinhas da ave Maria.

Cavalgam avejões dos brios às lápides,
os pássaros, quase luz das palmas,
anunciando morto pranto lides.


Eric Ponty

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A la que va conmigo...



A la que va conmigo...

Iremos por la vida como dos pajarillos
que van en pos de rubias espigas, y hablaremos
de sutiles encantos y de goces supremos
con ingenuas palabras y diálogos sencillos.

Cambiaremos sonrisas con la hermana violeta
que atisba tras la verde y oscura celosía,
y aplaudiremos ambos la célica armonía
del amigo sinsonte que es músico y poeta.

Daremos a las nubes que circundan los flancos
de las altas montañas nuestro saludo atento,
y veremos cuál corren al impulso del viento
como un tropel medroso de corderillos blancos.

Oiremos cómo el bosque se puebla de rumores,
de misteriosos cantos y de voces extrañas;
y veremos cuál tejen las pacientes arañas
sus telas impalpables con los siete colores.

Iremos por la vida confundidos en ella,
sin nada que conturbe la silenciosa calma,
y el alma de las cosas será nuestra propia alma,
y nuestro propio salmo el salmo de la estrella.

Y un día, cuando el ojo penetrante e inquieto
sepa mirar muy hondo, y el anhelante oído
sepa escuchar las voces de los desconocido,
se abrirá a nuestras almas el profundo secreto.



Enrique González Martínez

domingo, 17 de janeiro de 2010


VERSOS MOLHADOS

Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!

Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.

E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.

Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!

- Patrícia Neme -

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

Só tu




Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram,
Já não me lembro, nem sei...
São tantas as que me amaram!
São tantas as que eu amei!

Mas tu - que rude contraste! –
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
S6 tu, nest’alma, ficaste,
De todas as que eu amei.

Paulo Setúbal